“Tuning”. Guarde bem esta palavra de origem inglesa, que se pronuncia ‘tânim’. Em uma simples tradução, estaríamos nos referindo a algo como sintonizar, afinar, alinhar. E que tal gastar alguns (bons) punhados de reais apenas para “sintonizar” seu carro, alinhando-o conforme seu gosto? Loucura? O tuning, nova mania brasileira, já virou moda e sustenta um mercado muito maior do que se imagina, desde peças, passando por oficinas especializadas, som, rodas, preparação de motor com mais de 350 cv, rodas aro 17, kit aerodinâmico. Confira mais sobre esta nova mania chamada tuning.

Cartão de visita da oficina Funari, de São Paulo, Sp, este Golf Turbo serve para mexer com as lombrigas (e os bolsos) de indecisos clientes. E não é para menos. Seu proprietário, Ronald Funari, desconversa quando perguntado sobre o investimento em seu VW Turbo, mas afirma que valeu a pena: "Mostro o carro, deixo meus clientes se deliciarem com a performance e pronto, ficamos todos felizes". E nem deve ser difícil convencer as pessoas, afinal de contas estamos nos referindo a um Golf equipado com motor preparado de 360 cv, aferidos em dimamometro.

Partindo do motor 1.8 turbo original VW (e Audi, já que esta mesma unidade, com algumas pequenas modificações, ainda equipa Audi A3, S3 e TT), há vários níveis de aumento de potência, com e sem mudanças de peças. "Até 200.cv conseguimos tirar deste motor alterando sua calibração, através da reprogramação do módulo da injeção", afirma Ronald. Por se tratar de um motor turbo, fica relativamente fácil variar potência e torque. Audi e VW, proprietárias deste motor, já fazem isso, tanto que este propulsor 1.8 turbo vai desde 150 cv até 225 cv, passando por 163 cv, 180 cv e 210 cv. Mas, no caso deste Golf preparado, como arrancar mais de 300 cv?

Bem, neste caso, as coisas se complicam. E ficam bem mais caras. Funari acredita que, só no motor, podem ser gastos aproximadamente R$ 13 mil, já que á modificações mais extensas. A troca de todo o escapamento, desde o coletor até o final do pára-choque traseiro, é necessária. A turbina original dá lugar a uma outra, bem maior, com capacidade de vazão que permita o dobro da potência original, ou melhor, mais que o dobro, já que o motor passa de 150 cv para cerca de 360 cv. Dessa forma, o intercooler (radiador que resfria o ar comprimido pelo compressor da turbina) também dá lugar a um de enorme vazão. Mantendo a mesma taxa, de compressão, o combustível passa de gasolina para álcool, minimizando o risco de quebra do motor, já que o poder calorffico do combustível vegetal é menor que o do derivado de petróleo.

Pilotando o Golf de 360 cv, aplausos para a calibração do motor, que não falha nem engasga em nenhuma situação, e vaias à capacidade de torque em baixas rotações. Com turbina e intercooler enormes, movido a álcool (lembram-se da taxa de compressão baixa?) e cabeçote 20V, este Golf no trânsito pesado e se comporta como peixe fora d'água: pede reduções de marcha a todo momento e, quando exigido a fundo, destraciona, colando você contra o banco. Na estrada seus mais de 300 cv podem ser usados de forma mais coerente. Velocidade máxima? Nunca foi aferida, mas certamente esbarra nos 250 km/h, com aceleração de zero a 100 km/h na casa dos seis segundos. Um foguete! Rodas aro 17, molas e amortecedores especiais e um ótimo sistema de som completam o pacote deste Golf sintonizado, ou melhor, deste Golf tuning.