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Sangue Quente

Estacionada na rua, ninguém diz que esta Dakota 2000 tem algo mais do que um modelo original de linha da Dodge. Afinal, cadê aquele monte de acessórios tuning, rodas enormes, suspensão rebaixada...? Pois é, Frederico dos Santos, estudante de engenharia, não quis nem saber de parafernálias visuais para chamas a atenção. Só depois de bater na partida que o ronco do cano duplo de escape lateral e o assobio forte da turbina fazem carnaval no quarteirão.

A picapona vermelho sangue já estava com Fred a dois anos antes da preparação do motor, feita na Funari Automotiva (SP). E lá também ficou por dois longos meses, já que o módulo de injeção pediu alteração de sensores para funcionar redondo e aproveitar tudo do motor V6 Magnum, que contava com 177 cv originais.

O veneno escolhido para contaminar o sangue da picape foi uma turbina Garrett modelo GT25, que pega logo nas baixas rotações devido ao tamanho pequeno dos caracóis. Pouco acima da marcha lenta (nas 2.000 rpm) dá para ouvir o assobio da turbininha girando, já com 0,3 bar de pressão. Para não usar um sistema de duas turbinas, manteve-se o coletor de admissão original de uma bancada de cilindros e outro especial 3X1 do outro lado, para receber a sobrealimentação. A pressurização é feita neste coletor especial que recebe a turbina, sendo repassada para sistema original do outro lado.

Mas não foi só instalar o kit e sair rodando. A demora do serviço aconteceu pois a injeção de combustível - que usa módulo híbrido - teve seu sensor MAP substituído por um importado (US$ 250), que lê progressivamente a pressão de ar e combustível do coletor de admissão. Os seis bicos originais também deram lugar a outros importados (US$ 70 cada) e agora pulverizam álcool com força, para até 100 libras/hora por injetor.

Mesmo assim faltou comida em regimes elevados de rotação e um módulo HIS digital foi instalado, com bico injetor de Kadett monoponto. Direto no cano de pressurização, também funciona progressivamente, com aumento de abertura a cada 100 rpm. Do tanque de combustível, a bomba elétrica especial também é sarada, feita para alimentar motores com até 750 cv de potência.

Esfriando a Cabeça

Todas as devidas providências para a adaptação do kit turbo com alimentação adequada, foi dado um tratamento cerâmico nas partes quentes do sistema, como carcaça quente da turbina, coletor de escape e saídas da turbina. Com esse tratamento, a temperatura da exaustão é minimizada. Além disso, foi feita pela Funari um intercooler na medida para a Dakota, que resfria o ar para a admissão do motor, um aparato especial para o ganho de potência em motores turbinados.

A cavalaria do motor original aspirado (177 cv de potência a 4.800 rpm) saltou bem com a pressão de 0,8bar de pressão do sistema. No dinamômetro de rolo da própria Funari, a Dakota sangue quente chegou a 340 cv de potência na mesma rotação anterior.

Fred garante que o serviço valeu a pena e que o carro ficou bem forte. "Mais até do que eu esperava...", afirma. E no sinal vermelho, será que o parceiro bombando aí do lado sabe do potencial da picape? Acho que não, já que não existe se quer uma denúncia de potência extra na caranga.

Só se o vidro negro estiver aberto que dá pra ver um instrumento pequeno na coluna, para monitorar a pressão da linha de combustível.

Sinal verde... um abraço!