Quando
se fala em preparação, logo se pensa em carros socados no
chão, com rodões e pneus de perfil baixo. Este não
é o caso do Gol 1.0 MI 2002 movido a álcool do advogado
José Marcos Ribeiro Dalessandro.
Aparentemente rodando como saiu de fábrica - inclusive com calotas
originais e suspensão alta - ninguém imagina que sob o capô
está uma receita especial para ele ter desempenho melhorado na
estrada. Essa era a intenção de Marcos ao comprá-Io
na revenda.
Ele amaciou o motor como recomenda o fabricante, até 8.000 km e
aí resolveu instalar um kit turbo na Funari. Automotiva, em São
Paulo. Como viajava bastante, Marcos já preferiu comprar o Gol
movido a álcool, por questão de economia e melhor performance.
Meio quilo
Enquanto a taxa de compressão do Gol 1.0 a gasolina é de
10,8:1, no modelo a álcool é de elevados 13,5:1. Ou seja,
o motor "vegetal" não pode receber pressão de
turbo elevada. Do contrário, fica facilmente sujeito a quebras,
a menos que o motor fosse descomprimido.
O preparador Ronald Funari optou em instalar uma turbina Master Power
T2 O.48mm, com pressão de trabalho de apenas 0,5 bar. Este turbo
é até grande para um motor 1.0, maior do que o usado pelo
Gol turbo de fábrica.
Mas a escolha foi para dar melhor "pegada" com o motor já
cheio (em médias rotações) e suprir as necessidades
em viagens. Segundo o preparador, a pressão baixa da turbina oferece
durabilidade e economia ao motor.
No teste em dinamômetro feito por HOT, percebe-se claramente quando
o turbo começa a assoprar para valer. Exatamente em 3.100 rpm a
turbina passa a trabalhar, fazendo a curva de potência (em azul
escuro no gráfico) atingir o máximo em 4.800 rpm.
Segundo dados do dinamômetro, o torque - era de 9,7 kgfm a 3.500
rpm - passou para 14,5 kgfm nos 4.000 rpm. Já a potência
original de 61 cv a 5.000 rpm, foi elevada paro 90 cv (a 4.800 rpm). Isso,
rodando com 0,5 bar de pressão.
Para resfriar o ar comprimido pela turbina, foi usado o mesmo intercooler
do Gol Turbo original. Além de melhorar a potência, mesmo
com o motor mais exigido, a temperatura se mantém nos 90º
C, dentro do normal.
Para a instalação do kit turbo, o coletor de escape foi
trocado por outro fundido, especial para colocar a turbina. Também
foi instalada uma tubulação em aço para conduzir
o ar comprimido da turbina (que passa antes pelo intercooler) até
a admissão do motor.
O filtro de ar original foi trocado por um cônico lavável
da americana King Dragon. Na parte eletrônica, o chip foi remapeado
para atender ao motor turbinado, com novas curvas de injeção
e ignição.
Por opção, o catalisador foi preservado e o escapamento
ficou sem alterações. Por isso, permanece com o silencioso
barulho original. Só se percebe que o Gol é turbo quando
o sistema "espirra" nas aceleradas fortes, graças a uma
válvula de alívio também discreta.
Conservador também é o visual do Gol, que sofreu mudanças
quase imperceptíveis. Entre elas, a troca dos pneus 175/70 R13"
por outros 185/70, um pouco mais largos (para melhor estabilidade) e mais
altos (para alongar a relação curta do câmbio original).
O VW também ganhou um filme claro nos vidros que, segundo José
Marcos, foi colocado mais por questão de segurança do que
por estética.
Hoje, já com seis mil quilômetros rodados depois de preparado,
o carro não voltou para a oficina. Sinal que o serviço foi
acertado e que o motor do Gol é bem tratado. Só trabalha
com óleo sintético, acompanhado de um aditivo redutor de
atrito.
QUANTO
O custo do veneno ficou em torno dos R$3,5 mil, incluindo o kit turbo,
intercooler, remapeamento do chip, acertos feitos em dinamômetro
e tudo mais. Segundo Marcos, foi um bom investimento, já que tem
um carro praticamente “0 Km” e um motor mais patente “de
fábrica” custaria mais que o gasto na preparação.
Apesar do Gol ter um veneno leve voltado para a estrada, na cidade também
se mostra esperto, principalmente em rotações mais elevadas.
O consumo pouco mudou: sem pressa, chega a manter os 11 Km/litro de álcool
em trechos urbanos, o mesmo número da Volkswagen para motores originais.
Quando é muito exigido, gasta mais: faz 6,5 Km/litro.
Segundo Marcos, “o carro continua econômico, arranca muito
melhor e está ótimo nas retomadas de velocidade, exatamente
o que estava procurando”, finaliza.
GOL 1.0 16 V TURBO
Faz
tempo que o Gol é um dos preferidos para preparação
e instalação de turbo. De olho nestes consumidores, a própria
Volkswagen lançou em 2000 o Gol 1.0 16V Turbo.
Original, atinge a potência de 112 cv a 5.500 rpm. O torque é
de bons 15,8 kgfm a 2000 rpm, uma faixa de giro razoável e se tratando
de um turbo. A velocidade máxima é de 192 km/h.
São números um pouco melhores do que os do Gol nesta matéria
de HOT. Mas vale lembrar que este é um 1.0 de 8V e conta só
com 0,5 bar de pressão no turbo, enquanto o 16V de fábrica
trabalha entre 0,8 e 1,2 bar. Em compensação, este Gol queima
álcool, que fornece mais torque e potência em rotações
menores que a gasolina, o combustível do turbo de fábrica.
|